desafios para a ciência e para a educação política |
Díetfrid Krause-Vilmar(*)
Universidade de Kassel, Alemanha
Historiador e cientista político, Ph.D em ciência política e educação, professor titular da Universidade de Kassel, Alemanha. Especialista no tema do nacional-socialismo, fundou o "Breitneu Memorial", em Guxhagen, local de um campo de trabalhos forçados para prisioneiros políticos antes da II Guerra, porteriormente transformado em campo de concentração. Krause-Vilmar publicou vários trabalhos sobre a temática concentracionária e análise do revisionismo, dos quais destacamse "Génese da Ditadura: o campo de Breitenau", "Sobre os Argumentos dos Negadores do Holocausto" e "Nacional-socialismo e Populismo".
I. A NEGAÇÃO DO HOLOCAUSTO COMO TEMA DE DISCUSSÃO
Gostaria de abordar um tema específico que se localiza no amplo campo de estudos e análises do neonazismo e do extremismo político, a saber, a negação dos assassinatos em massa cometidos pelo nacional-socialismo. A primeira pergunta que se coloca, com relação ao tema, diz respeito à necessidade de nos ocuparmos, de maneira tão extensa e quase científica, com esse tipo de questão. Na minha opinião, esta é uma pergunta controvertida. Mas, penso que sim, devemos nos ocupar da negação dos assassinatos em massa, pelo fato de que a monstruosidade dos crimes nazistas impõe-nos alguns compromissos permanentes, uma vez que muitas pessoas não podiam ou não queriam, em vista do horror dos crimes, acreditar que seres humanos tenham sido capazes de fazer algo assim.
Penso que devemos nos ocupar do assunto também por outra razão, formulada de maneira exemplar pela historiadora norte-americana Deborah Lipstadt, que venceu um processo que ocorreu na Inglaterra, movido contra ela pelo historiador britânico David Irving. A professora Lipstadt afirmou o seguinte: "Necessitamos nos ocupar da questão porque as forças da Razão são vulneráveis e porque a sociedade é suscetível a ideias aberrantes. As pessoas que habitam reinos imaginários e irracionais, a exemplo das pessoas que negam a existência de Auschwitz, criaram correntes de opinião poderosas, em termos históricos, como o próprio nacional-socialismo." (Lipstadt, 1994: 48)
A negação pública dos crimes nazistas, que mais tarde passou a ser chamada de Revisionismo - porque seus adeptos diziam pretender revisar a História - surgiu primeiramente na França e, mais tarde, nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, na Espanha, na Bélgica, Canadá e, relativamente cedo, também na Alemanha. Inicialmente, tais pessoas ainda não negavam que tivesse ocorrido essa matança em massa por meio do uso de gás tóxico ou gás asfixiante. O que elas fizeram inicialmente foi relativizar as declarações das testemunhas da época.
As primeiras negações que obtiveram uma ampla repercussão na opinião pública são de autoria de Paul Rassinier, um francês, ex-socialista e ex-prisioneiro do campo de concentração de Buchenwaid. Rassinier afirmou que os sobreviventes dos campos de concentração exageravam nos relatos de suas vivências. E que os responsáveis pela situação horrível que reinava nos campos de concentração não eram os membros da SS, mas sim - e primordialmente- aqueles prisioneiros que haviam sido nomeados pela SS como responsáveis pela administração dos campos e pela vida dos demais prisioneiros (Rassinier). (1)
Nas décadas seguintes, os próprios assassinatos em massa e os fatos relacionados ao extermínio foram negados, mediante o emprego de grandes esforços e investimentos empíricos. Os pontos que foram negados pêlos revisionistas são os seguintes:
- o número de pessoas assassinadas,
- as técnicas usados no extermínio,
- documentos e figuras históricas que foram apresentados,
- os locais dos campos de morte e
- a existência das câmaras de gás.
Nos últimos anos, as pessoas que negam o Holocausto manifestaram-se repetidamente em público, particularmente na República Federal da Alemanha e nos Estados Unidos. Nos anos de 1993 e 1994, tribunais alemães das mais elevadas instâncias, entre ele o Tribunal Constitucional Alemão e o Supremo Tribunal Alemão, ocuparam-se da negação dos assassinatos em massa ocorridos em Auschwitz. No centro das atenções estiveram as manifestações públicas dos negadores, membros do partido chamado Nationaldemokratische Parlei Deutschiands (Partido Nacional Democrático da Alemanha- NPD) e o historiador inglês David Irving. Irving e os membros desse partido fizeram referência ao chamado Relatório Leuchter, que é um documento questionável e que foi refutado, nas suas alegações químicas. (2) O documento foi produzido por um dito "especialista" em execuções norte-americano que, com base em amostras de pedras e rochas retiradas de Auschwitz, tentou negar a ocorrência de assassinatos nas câmaras de gás.
Essas confrontações em nível jurídico foram inicialmente bem recebidas pêlos negadores do Holocausto, devido ao impacto que causavam na opinião pública. Nesse meio tempo, entretanto, elas passaram a ser evitadas devido às condenações de negadores, que resultaram em penas de prisão de vários anos.
O cerne das afirmações dos revisionistas consiste na negação do assassinato em massa dos judeus europeus. Frequentemente, nesse contexto, se questiona a culpa dos alemães pela guerra e a dimensão dos crimes cometidos por eles, que são minimizados ou bagatelizados. Afirmam os negadores que a II Guerra Mundial teria sido imposta aos alemães a partir de fora e que, durante o conflito, teriam havido crimes de guerra de ambos os lados. Além disso, responsabilizam a Justiça dos vencedores pela imposição de crimes exclusivamente aos alemães.
Essa relativização, bagatelização e negação dos crimes nacional-socialistas abrange uma gama ampla de assuntos, sendo que nela observa-se uma passagem fluída da relativização para a negação. Diversos níveis de relativização e negação são muitas vezes apresentados uns ao lado dos outros, mesmo que se contradigam logicamente. Vou citar alguns exemplos desse tipo de afirmações:
- Em muitas publicações revisionistas sobre o nacional-socialismo ou sobre a II Guerra Mundial, não é feito o relato sobre o extermínio dos judeus europeus ou então ele é mencionado como sendo apenas um acontecimento, entre outros, relacionado à guerra. Dessa forma, é possível relativizar as coisas, sem expor-se à acusação de estar negando a História.
- Essas pessoas relativizam os crimes alemães acentuando os chamados crimes de guerra dos aliados, fazendo cálculos compensatórios macabros. Um exemplo predileto deste tipo de atitude é o bombardeio de Dresden, que ocorreu em fevereiro de 1945, no qual, segundo as mais recentes pesquisas, 35 mil pessoas morreram. Na literatura dos revisionistas são mencionadas cifras que chegam a até 350 mil pessoas. Um dos representantes do revisionismo diz o seguinte:
Eu creio que neste dia o número de pessoas mortas foi maior do que o das pessoas que morreram em Auschwitz durante o período da guerra. No entanto, os crimes de guerra dos aliados ainda hoje não são colocados em debate (Ties Christophersen, 1973:21).
- Numa outra atitude, a existência dos crimes é admitida, mas se afirma que eles seriam apenas sequelas inevitáveis dos acontecimentos relacionados à guerra. A perseguição aos judeus é aceita, mas ela é descrita como tendo sido apenas uma medida de defesa contra espiões e guerrilheiros, medida esta prevista no direito internacional e condicionada à situação do conflito. Neste contexto, é feita referência a uma declaração de guerra dos judeus, à cuja análise retornarei mais adiante.
- Em outra afirmação deste género, os crimes, inclusive os assassinatos nas câmaras de gás, não são negados, porém minimizados em suas dimensões. Afirma-se que os judeus estariam exagerando as cifras e, com isso, pressionando os alemães no sentido de obterem reparações financeiras. (3) Neste tipo de afir- ! mação, podemos reconhecer, sem dificuldade a figura anü-semita do chamado judeu ávido por dinheiro.
- Outro exemplo: os crimes não são negados, mas sustenta-se que não teriam sido ordenados pelas lideranças máximas dos nacional-socialistas. Afirma-se que Hitier não sabia nada do que estava ocorrendo aos judeus. Essa variante foi defendida no passado pelo autor britânico David Irving. (4)
- Por outro lado, encontramos a negação categórica do extermínio dos judeus e a explicação de que o Holocausto não passa de uma invenção, produzida simplesmente por um complô do judaísmo internacional. Diz-se que os judeus europeus teriam emigrado e que constituiriam hoje o núcleo da conspiração judaica mundial, cuja sede é Nova Iorque. (5) Na literatura dos revisionistas encontram-se teorias conspiratórias até certo ponto confusas e, muitas vezes, de caráter místico, que se utilizam de obras como os Protocolos dos Sábios de Sião (cuja autenticidade já foi suficientemente desmentida, assim como sua natureza fraudulenta). Cito este texto apenas para lembrar que essas teorias conspiratórias, envoltas em mistério, são ainda aceitas por muitas pessoas.
No foco da confrontação política e jurídica dos últimos dez anos, entretanto, esteve, sem dúvida, a negação dos assassinatos em massa nas câmaras de gás. Os revisionistas afirmam que não existiram câmaras de gás. Os casos de morte ocorridos em Auschwitz teriam sido causados pela fome e por epidemias. Este é o tema dos chamados pareceres técnicos elaborados por pessoas como Leuchter e Germar Rudolf.
II. OS NÍVEIS DE ARGUMENTAÇÃO DOS NEGADORES DE AUSCHWITZ
Os que negam a ocorrência dos extermínios em Auschwitz argumentam em níveis que podem ser diferenciados qualitativamente. Há argumentos que são de refutação simples e fácil, ao lado de hipóteses técnicas ou químicas complexas, que de forma alguma podem ser desmentidas de passagem. Encontramos a formação de lendas ao lado de questões e posicionamentos críticos, invenções ao lado de questionamentos de aspectos específicos.
O revisionismo tomou-se uma enorme rede internacional de institutos que possuem um programa de publicações de livros e revistas, principalmente nos Estados Unidos e na Bélgica. São realizados simpósios e conferências e, além disso, a Internet é utilizada intensivamente há bastante tempo. Somente na Alemanha existem mais de 300 sites dedicados ao revisionismo. Embora tentem se fazer passar por pesquisadores científicos e sérios, o método que eles empregam i não corresponde aos princípios científicos. Isto será demonstrado a partir de alguns exemplos. Em termos metodológicos, as seguintes objeções devem ser levantadas e referemse apenas as teses que podemos chamar de mais exigentes. Vou desconsiderar folhetos obviamente propagandísticos.
a. A primeira objeção diz respeito ao tratamento tendencioso dos testemunhos das vítimas. Esses testemunhos são examinados e discutidos detalhadamente por alguns autores, como Stãglich e Graf. (6) Assim, não podemos acusá-los de não terem se ocupado demoradamente com os relatos de testemunhas da época. No entanto, o tipo de exame que eles levam a cabo assemelha-se aos métodos de interrogatório criminal dos sistemas totalitários. A detecção da falta de clareza na periferia de uma afirmação serve para que cheguem à afirmação de que a totalidade do testemunho examinado, a sua credibilidade, não tem qualquer valor. Os testemunhos dos criminosos são apresentados como tendo sido obtidos por meio de tortura ou de outras formas de extorsão e, por isso, considerados como inteiramente sem valor. Já as pessoas perseguidas, assassinadas e supliciadas, aparecem sempre na condição de mentirosas, como criadoras de fantasias e exageros. Não encontramos, nesta atitude, o menor vestígio de respeito por essas pessoas ou por seu destino. Deborah Lipstadt descreveu de modo preciso essa atitude, quando afirmou que "nada é mais cruel do que negar a perseguição, a humilhação e o sofrimento de um indivíduo ou de um grupo. Por isso, essa negação supe- ra em crueldade a própria perseguição."(Lisptadt, 1994:48)
b. A segunda objeção que se deve levantar é que, neste tipo de postura, a Alemanha é apresentada como sendo vítima da guerra. Uma das principais características, durante os últimos anos, da negação dos crimes nacional-socialistas tem sido a pretensa cientificidade com a qual ela é defendida. À primeira vista, temse a impressão de que o que eles fazem seria pura ciência e que estaríamos diante de manifestações objetivas feitas por químicos, técnicos ou historiadores e não por anti-semitas e misantropos. Entretanto, visto mais de perto, o detalhismo dessas pessoas mostra ser uma inverdade. Detalhes arrancados de seu contexto são transformados em documentos supostamente chave, com cuja ajuda a pretensa exposição científica é minada.
Vejamos a afirmação de que "os judeus", por exemplo, teriam declarado guerra contra a Alemanha. Com tal declaração, os nacional-socialistas estariam justificados, do ponto de vista do direito internacional, ao internar tais inimigos, que passariam a ser guerrilheiros ou espiões inimigos. (7) Tal afirmação é sustentada, digamos assim, por duas supostas declarações de guerra, uma de março de 1933 e a outra de agosto de 1939. (8) Wemer Pfeifenberger, um professor de ciência política na faculdade de Münster, até há pouco tempo lecionando na Alemanha, ainda defendia tal tese junto aos seus alunos. (9)
Essas duas supostas declarações de guerra revelam-nos dois pontos. No caso da declaração de março de 1933, trata-se, na verdade, de uma simples matéria de um jornal sensacionalista inglês, o Daily Express, com o título "A Judéia declara guerra à Alemanha". No texto, é feito um relato das reações de judeus britânicos e americanos a respeito das perseguições que ocorriam na Alemanha. Quanto à segunda declaração, de 29 de agosto de 1939, trata-se de uma troca de correspondência publicada no mesmo jornal, The Times, no dia 6 de setembro do mesmo ano, entre o presidente da Agência Judaica para a Palestina (10), Chaim Weizzman, e o primeiro ministro britânico Neville Chamberlain. O problema é que as afirmações feitas nesta correspondência nunca são apresentadas literalmente pêlos revisionistas. A carta de Weizzman diz o seguinte:
A Agência Judaica coloca-se sob a liderança coordenadora do Governo de Sua Majestade. A Agência está disposta e prepara-se para participar dos preparativos imediatos concernentes à utilização da força de trabalho, recursos e capacidade técnica judaicas. Nos últimos anos, a Agência Judaica tem tido conflitos políticos com a potência responsável pela administração da Palestina. Por isso veríamos com bons olhos se tais dificuldades passassem para um segundo plano, dadas as necessidades e exigências maiores e mais urgentes que se apresentam no momento. Gostaríamos de pedir-lhe que acolhesse essa declaração com o mesmo espírito com o qual ela foi feita. Respeitosamente, Chaim Weizzman (Helimuth Auerbach, 1992:123)
Essa carta foi escrita alguns dias antes do início da II Guerra Mundial e a Alemanha sequer é mencionada nela. Trata-se de uma declaração de lealdade com vistas à guerra iminente, dirigida por uma organização judaica à potência que administrava a Palestina na época, potência com a qual, em outras questões, a Agência Judaica mantinha permanentes conflitos. A resposta de Chamberlain também apresenta um tom bastante sóbrio.
Aqui se coloca a pergunta: como é possível, tomando-se conhecimento desta troca de correspondências, falar em uma declaração de guerra dos judeus contra o povo alemão? O pressuposto para tal afirmação é a exclusão dos judeus ale- mães do povo alemão, porque, do contrário, os judeus estariam declarando guerra contra si próprios. Só no ideário anti-semita das leis raciais de Nuremberg pode-se contrapor "os judeus", em termos genéricos, ou o chamado judaísmo mundial conspiratório, ao povo alemão. Tal exemplo visa a ilustrar a confusão, feita pêlos revisionistas, entre causa e efeito. A suposta existência de uma declaração de guerra judaica, feita antes das II Guerra, insinua que a Alemanha tenha sido vítima e não autora do crime.
c. Uma terceira objeção que pode ser feita, em termos metodológicos com relação à postura dos revisionistas, diz respeito à descontextualização de documentos e de alguns fatos históricos. As pesquisas dessas pessoas são, em alguns casos, feitas com grandes esforços e investimentos empíricos, quer se trate de trabalhos de caráter histórico, técnico ou químico. Um leigo em matéria de História ou de Química, fica, muitas vezes, perplexo diante da quantidade de material que eles apresentam. Entretanto, o que sempre é excluído deste material, é o contexto históricopolítico documentado de maneira correia.
As manifestações públicas de Hitier, das suas conversas, dos registros do diário de Goebbeis aos discursos de Himier, que não deixam dúvidas quanto à expulsão e ao extermínio dos judeus, ou bem são simplesmente excluídos deste tipo de literatura - como se pudéssemos separar Auschwitz da História, ou são interpretados de forma grotesca. É como se a ausência de manifestações explícitas de Hitier quanto ao destino dos judeus nos campos de extermínio, fosse uma comprovação de que a matança não tivesse ocorrido.
Desde janeiro de 1939, em diversas ocasiões e publicamente, Hitier falou do extermínio da "raça judaica na Europa". A primeira vez em que fez isso foi em 30 de janeiro de 1939, perante o Parlamento do Reich. Vou citá-lo literalmente:
Se o judaísmo financeiro internacional dentro e fora da Europa conseguir lançar ou precipitar os povos mais uma vez numa guerra mundial, o resultado desta guerra não será a bolchevização da Terra e a vitória do judaísmo, mas sim o extermínio da raça judaica na Europa." (11)
O pesquisador revisionista Stãglich cita literalmente manifestações como esta de Hitier, porém faz a seguinte observação a respeito delas: "Sobretudo, não encontramos nos discursos de Hitier ou em outras das suas manifestações, sequer uma única indicação do suposto papel desempenhado pêlos campos de concentração, entre eles particularmente do campo .de Auschwitz-Birkenau, como centros do alegado extermínio dos judeus que estaria sendo planejado" (Stãglich, 1979:88).
Na história da expulsão dos judeus para o Leste da Europa, surgiu, nos estados-maiores de planejamento e nos centros políticos alemães, um contexto que incluiu cada vez mais e em escala crescente, o extermínio dos judeus nos cálculos que eram feitos. Existe uma série de documentos acerca deste quadro e cito apenas um registro feito por Goebells, em seu diário, no dia 7 de agosto de 1941, publicado no livro de Martin Broszat: "Afinal, os judeus sempre foram os portadores de doenças contagiosas. É preciso ou amontoá-los num gueto e entregá-los a sua própria sorte, ou então liquidá-los, do contrário eles contaminariam a população sadia dos estados civilizados (apud Broszat: 1977:749).
Ilustrativo é, também, o registro feito por um alto representante do Reich na Polónia ocupada, Hans Frank, em seu diário, no dia 16 de dezembro de 1941:
Por isso, em relação aos judeus, tomo como ponto de partida básico a suposição de que eles precisam desaparecer. Em Berlim nos disseram: por que vocês dão a si próprios tanto trabalho e aborrecimentos? Nós não sabemos o que fazer com os judeus no Leste ou na Ucrânia. Vocês mesmos tratem de liquidá-los. Temos nos territórios da Polónia ocupada mais ou menos 3,5 milhões de judeus. E não podemos matar a todos à bala, nem podemos envenená-los. No entanto, necessitamos adotar intervenções que, de alguma forma, levem a um êxito em forma de extermínio. Faremos isso em conexão com as grandes diretrizes a serem discutidas pelo Reich. O território ocupado da Polónia deve ficar tão livre de judeus como o próprio Reich.Çapud Broszat: 1977:755).
O detalhismo cultivado pêlos revisionistas, que dá a impressão de revelar uma certa especialização, é um detalhismo que se estende por páginas e páginas e aborda assuntos como vestígios de cianeto, ventiladores, variação de temperatura que poderiam provocar alterações no estado de agregação do gás, ou sobre temas como aquecedores, a construção dos crematórios e outros detalhes técnicos, arquitetônicos e organizacionais. Tal detalhismo desconsidera inteiramente o fato de que os grupos burocráticos da SS, tanto no território do Reich como no Leste europeu, já discutiam em termos de planejamento, os chamados êxitos em forma de extermínio, que eles introduziram na prática com relação aos judeus europeus. Essa conexão, documentada por muitas fontes escritas, é desconsiderada pêlos chamados revisionistas.
Contentemente os revisionistas - e isso é uma questão de método para elestransformam documentos isolados em documentos-chave, ou transformam afirmações de testemunhas em relatos-chave. E aí sugerem que, caso se possa refutar tais testemunhos, todo o chamando "edifício de mentiras do Holocausto" viria abaixo. Assim, é apresentada constantemente uma afirmação do oficial da SS, Kurt Gerstein, publicada pela primeira vez em 1953, como tendo sido obtida mediante extorsão. (12) E o relato, também publicado no início da década de 50 de Miklós Nyiszli (13), um prisioneiro húngaro de Auschwitz, é desqualificado como sendo inteiramente não-confiável.
Tais testemunhos são apenas dois entre muitos e não se pode atribuir a eles uma importância central. O fato de que os negadores do Holocausto se reportam a esses testemunhos e relatos com tanta frequência deve-se simplesmente a que esses relatos fazem parte da fonte material de que dispõem e que, em conjunto, deve ser descrita como escassa ou estreita. Grande parte deste material foi utilizada pelo negacionista Rassinier, em seus escritos da década de 60. (14) Os revisionistas gostam de copiar coisas uns dos outros e também de citar uns aos outros. Entretanto, a quantidade de material que eles apresentam, revela-se, quando examinada mais de perto, muito pobre. Assim dos 132 livros citados nas referências bibliográficas por Stãglich, em O Mito de Auschwitz, a metade delas é irrelevante - mera literatura anti-semita contemporânea- e a outra metade é constituída de livros de negadores do Holocausto.
d. Quarta objeção: o foco das afirmações dos negacionistas é o campo de concentração de Auschwitz. Isto é digno de nota, porque embora os demais crimes do nacional-socialismo sejam sistematicamente negados por alguns revisionistas, tais crimes são somente tematizados de passagem. Os crimes aos quais me refiro são os seguintes:
- a perseguição aos judeus antes do início da Guerra,
- os homicídios praticados através da eutanásia,
- o tratamento dispensado aos prisioneiros de guerra - especialmente aos prisioneiros soviéticos, - o horror cotidiano que reinava nos campos de concentração,
- os crimes cometidos pêlos comandos especiais durante a guerra,
- o assassinato da inteligência polonesa,
- os assassinatos em massa praticados em outros campos de extermínio, como Beizec e Treblinka -uma vez que o extermínio planificado não ocorreu apenas em Auschwitz,
- o assassinato de outros grupos de prisioneiros, como os ciganos, os homossexuais, as testemunhas de Jeová, os prisioneiros políticos dos campos de concentração,
- os crimes cometidos pela S S no final da guerra, pouco antes da ocupação do território alemão pêlos aliados.
Um exemplo deste tipo de atitude criminosa regular do nacional-socialismo é a ilustração, publicada em um jornal regional de Kassel, em 1942, na qual se vê, lado a lado, as figuras de uma pessoa e de um besouro - uma praga que atacava as plantações de batatas na ocasião. No caso, o homem e o inseto são apresentados como uma praga para o povo.
Os crimes listados acima, assim como o tipo de apelo jornalístico ao qual fiz referência, faziam parte do sistema nacional-socialista e eram caraterísticas das suas manifestações. Porém, enquanto tais fatos são tratados de maneira periférica pêlos revisionistas, chama a atenção a tematização recorente do extermínio de judeus por meio de gás asfixiante no campo de concentração de Auschwitz. A partir dessa seleção dos crimes e dos perseguidos, fica claro que o importante para os revisionistas é a negação pontual do extermínio dos judeus. Em minha opinião, esse motivo anti-semita transparece claramente em toda a confusão ou bagunça pseudocientífica produzida pêlos negadores.
e. Outra característica da literatura revisionista que enseja um questionamento é o uso de uma linguagem marcada pelo ódio e pelo desprezo. O nível linguístico da argumentação dessas pessoas não é objetivo, sóbrio, ou apropriado a um discurso que busque um distanciamento analítico. Pelo contrário, muitas vezes frases e expressões de origem anti-semita caracterizadas pelo ódio vêm à tona. Por exemplo, depoimentos de testemunhas são introduzidos pelas expressões
"um certo N. afirma..." ou "o judeu X comunica...". São estigmatizações típicas com as quais costuma-se introduzir o relato de uma testemunha. Um dos negadores do Holocausto, Stãglich, desacredita as testemunhas oculares dos assassinatos ocorridos nas câmaras de gás com as seguintes palavras: "Na medida em que as testemunhas dos assassinatos nas câmaras de gás são judeus, elas nos ficam devendo uma explicação convincente para a pergunta da razão de justamente elas terem sido poupadas dessas ações de extermínio" (Stãglich, 1979: 25).III. O PROBLEMA DAS FONTES HISTÓRICAS DISPONÍVEIS
A situação das fontes referentes aos assassinatos em massa ocorridos em Auschwitz assim como em Beizec e Treblinka, apresenta, do ponto de vista rigorosamente científico, uma base que pode ser definida como exígua. Ainda assim, além dos relatos das testemunhas diretas, existem, em correspondências da SS e em outras fontes preservadas, evidências suficientes do assassinato em massa provocado por gás asfixiante. Nesse contexto, não devemos perder de vista o fato de que, próximo ao final da guerra, a SS fez todo o possível para apagar os vestígios do que havia ocorrido nos campos de morte. Por isso, fazse necessária a competência histórico-científica de encontrar essas evidências e esses testemunhos. Gostaria de fazer agora alguns comentários sobre quatro complexos de fontes.
a. Dispomos, por exemplo, de fichas de trabalho de trabalhadores civis em Auschwitz, que informam sobre os serviços de manutenção e reparos nas câmaras de gás. Tais fichas foram encontradas e publicadas por Jean-Claude Pressão (Pressão, 1993:97-161) Talvez esse tipo de pesquisa pareça excessivo e possa sugerir mesmo alguma perda de tempo. No entanto, trata-se de uma pesquisa importante para mostrar, principalmente aos jovens, que têm dificuldade em acreditar nessa monstruosidade, o que realmente aconteceu. Nesse tipo de documentação, relacionada a registros como o que referi, encontramos testemunhos que apontam para a existência de uma conexão entre as câmaras de gás e os crematórios.
b. Outro aspecto digno de consideração é a capacidade dos crematórios. Quem esteve em Auschwitz-Birkenau sabe ao que me refiro, porque tais crematórios são realmente gigantescos. É inquestionável e documentalmente comprovado, que os quatro crematórios existentes no campo de concentração foram planejados e construídos para um grande número de mortos.
Teoricamente, ou seja, a partir da capacidade planejada destas instalações, era possível cremar diariamente 4 mil e 500 cadáveres. (15) Esse número elevado tem a seguinte explicação: é de se concluir que, neste campo, contava-se com a existência de um grande número de mortos a cada dia. De onde viria esse número diário de mortos, em Auschwitz, se não fossem os assassinatos em massa praticados nas câmaras de gás?
c. Outro complexo de fontes é constituído pelas reações aos relatos feitos por aqueles prisioneiros que fugiram de Auschwitz durante a guerra. (16) É um fato que, muito antes do final da guerra, testemunhos de fugitivos de Auschwitz atingiram a opinião pública mundial. Tais relatos continham descrições dos assassinatos nas câmaras de gás. Os mais conhecidos, embora não os únicos, relatos foram feitos pêlos judeus eslovacos Rudolf Vrba (Walter Rosemberg) e Alfred Wetzier, que foram publicados na primavera de 1944, pela imprensa internacional, principalmente dos Estados Unidos. (17) Com base na época do surgimento destes relatos, a afirmação dos revisionistas, segundo as quais as informações sobre os assassinatos em massa seriam invenções fabricadas no pós-guerra, ficam refutadas, sem sombra de dúvida. Além disso, a credibilidade desses relatos está assegurada pelo fato de que eles acarretaram decisões políticas de amplo alcance, que por sua vez estão documentadas através de testemunhos e registros.
Os relatos de Vrba e Wetzier acarretaram as seguintes consequências: o administrador húngaro do Reich, o Almirante Horthys, baseou-se nestes depoimentos
e, no dia 9 de julho de 1944, deteve as deportações de judeus da Hungria para os campos de concentração. Apesar dos diversos protestos feitos pelo legado alemão, Horthys não voltou atrás em sua atitude. Vrba e Wetzier registraram em ata o que ocorria com os judeus húngaros em Auschwitz, a saber: pessoas incapacitadas para o trabalho e mulheres com bebés eram imediatamente mortos. Os demais eram maltratados até a morte, devido ao trabalho desumano a que eram submetidos. Tais atas chegaram em maio de 44 a Budapeste e tiveram que ser traduzidas para o húngaro. Devido a algumas circunstâncias desfavoráveis, elas somente chegaram ao conhecimento de Horthys em julho daquele ano. O almirante, que vinha acumulando rancores contra Hitier, acreditou imediatamente no conteúdo dos depoimentos. Graças à sua decisão, mais ou menos 250 mil judeus de Budapeste, cujo transporte para os campos de concentração já havia sido preparado, foram salvos. O próprio Eichmann teve que deixar a Hungria, rangendo os dentes, em meados de julho. (18) É inconcebível que o almirante Horthys tivesse assumido esse conflito com Hitier e com o governo alemão, baseando-se apenas num relato não confirmado.
d. O quarto complexo de fontes diz respeito aos documentos internos da SS. A minha colega, Sybile Steinbacher, examinou detalhadamente esta documentação, num livro publicado recentemente (Steinbacher, 2000). Os documentos são altamente reveladores, em vista da linguagem que neles é utilizada. Assim, por exemplo, após um transporte de judeus, um relato secreto feito pela Polícia de Segurança da SS em Sosnowitz, à época da matança dos judeus ocorrida no gueto da cidade, informa sobre o clima reinante no povo da cidade e usa expressamente a expressão "extermínio de judeus". Ou ainda, num escrito de setembro de 1944, da Direção Geral de Catowitz, encaminhado à Chancelaria do Reich, é feita a seguinte afirmação: "o elemento judeu foi evacuado ou eliminado".
Merecem atenção, ainda, as manifestações de um chefe de polícia e membro da SS, no escritório da SS em Catovitz. A SS possuía uma Justiça própria para tratar de suas questões internas. E nos documentos de um processo judicial interno, menciona-se literalmente as execuções de judeus em Auschwitz e que gases teriam sido liberados no "recinto" onde os judeus estavam, provocando a morte dos mesmos. A pergunta que estava sendo colocada neste processo dizia respeito a encontrar aquele ou aqueles que deveriam justificar, perante a História, o que estava acontecendo em Auschwitz. O chefe de polícia Kari Egger, estava sendo acusado de fazer declarações derrotistas e desmoralizadores sobre as forças de defesa. Uma das suas declarações merece ser reproduzida aqui: "O que está acontecendo no campo de concentração de Auschwitz vai cobrar o seu tributo um dia. Afinal de contas, os judeus também são seres humanos. O assassinato destes judeus jamais poderá ser justificado pelo nosso governo. Quem haverá de responder por isso, um dia?" (Steinbacher, 2000:314-316).
Nesta altura da minha exposição, quero chamar a atenção para um ponto sobre a discussão do Holocausto, a saber, sobre certos excessos de certas descrições ou conclusões concernentes aos campos de extermínio, às vezes propostas com a melhor das intenções. No campo de Auschwitz-Birkenau, foram colocadas, após a guerra, placas m memoríam, nas quais se lia que 4 milhões de judeus lá haviam morrido. Com o tempo, ficamos sabendo, com base em pesquisas históricas, que o número aproximado de pessoas mortas em Auschwitz oscila entre 900 mil e 1,1 milhão. O que pretendo mostrar, mencionando este tema, é que não devemos tentar intensificar, por assim dizer, a monstruosidade do que aconteceu.
IV. NÃO IGNORAR E SIM ESCLARECER
O impacto causado pêlos revisionistas é difícil de se avaliar e certamente não pode ser medido. Entretanto, uma coisa fica clara quando nos ocupamos mais de perto desses autores. Seus objetivos não são genuinamente histórico-científícos, como querer saber e averiguar o que realmente ocorreu. Seus objetivos são políticos, porque eles querem provar que não foi assim.
Através do questionamento, da negação, da colocação em dúvida, eles querem reabilitar Hitier e o nacionalsocialismo. Ou seja, o que eles querem é a volta do totalitarismo. Porque se Auschwitz não foi assim como acreditamos que foi, o que restaria então da condenação do nazismo, da culpa da Alemanha, da autocompreensão da democracia depois da guerra? Tudo isto teria sido construído sobre areia e a História teria que ser fundamentalmente rescrita e revisada. Por isso, eles se chamam, coerentemente, de revisionistas. O que eles querem é causar insegurança e - é o que supomos - é o que eles fazem.
As alegações dos revisionistas também não podem ser recusadas apressadamente, porque se desconsiderarmos, por um momento, o conteúdo do que eles defendem, veremos que eles utilizam uma certa metodologia e o grau com que eles o fazem deve ser examinado com rigor. Pode-se dizer que tais métodos, cuja aplicação é preciso analisar caso a caso obviamente, possuem níveis de eficácia, à primeira vista. Isto porque o questionamento, a dúvida, a objeção racional, a exigência de documentações inequívocas de fatos e de testemunhos parecem depor em seu favor. Qual é o cientista que, em princípio, não gosta de ouvir este tipo de linguagem?
Os revisionistas também se fazem passar por perseguidos pêlos meios de comunicação cooptados e manipulados pêlos "políticos". Eles gostam de referir-se a si próprios como pessoas cuja voz estaria sendo silenciada, como mártires da verdade e do direito, paladinos do preceito jurídico que diz "que seja ouvida também a outra parte". Provavelmente o impacto causado por esses autores é considerável. Assim, é preciso fazer frente a eles e isto deve ser feito com argumentos. O que ocorre é que não se pode fazer frente às pessoas que negam a existência de câmaras de gás e do extermínio em massa, ignorando-os ou simplesmente manifestando indignação. Faz-se necessário um esclarecimento dos fatos ocorridos nos campos de extermínio. Em muitos casos, coisas que já foram há muito tempo esclarecidas, devem ser mais uma vez tomadas acessíveis à opinião pública. Na conclusão de Denying the Holocausto Deborah Lipstadt afirma:
Antigamente eu era uma defensora declarada da atitude de ignorar. Quando comecei a trabalhar neste livro, o que me perseguiu foi antes o temor de que eu iria consolidar a credibilidade dos revisionistas, se eu me ocupasse com as fantasias que eles produzem. Entretanto, depois de ter me aprofundado nas maquinações dessas pessoas, estou convicta de que a mera desconsideração não representa uma alternativa. A época na qual se poderia esperar que eles se dissipariam por si mesmos como poeira já passou. Muitos de meus alunos já me dirigiram as seguintes perguntas: de onde nós sabemos que houve realmente câmaras de gás? Os diários de Anne Frank são uma invenção? Existem documentos dos quais se pode concluir que os nazistas planejaram o extermínio dos judeus? Alguns desses alunos sabem que perguntas deste tipo são colocadas em circulação pelas pessoas que negam o Holocausto. Outros, porém, não estão conscientes disto. Eles ouviram tais objeções em algum lugar e se sentem inseguros. (Lipstadt, 1994: 453)
Dificilmente teremos condições de discutir com os próprios defensores da negação, dado o ponto ao qual eles chegaram, enterrando a si próprios numa atitude de isolamento e encapsulamento. Tendo em vista essa atitude, pouco temos a dizer aos revisionistas; e, certamente, pelas razões que já expus, pouco ou quase nada eles têm a dizer-nos, pesquisadores do tema do Holocausto e do nacional-socialismo. Entretanto, visto que a dúvida e a insegurança são disseminadas pelas perguntas que eles formulam, mesmo que tais perguntas não sejam reconhecidas, faz-se necessário, no contexto da formação política e histórica, acionar uma argumentação clara em contraposição a esses defensores da negação.
É perfeitamente concebível que, no futuro, os neonazistas venham a escolher outros campos para o seu trabalho de agitação. As sentenças emitidas pêlos tribunais por causa da negação de Auschwitz, lhes têm infringido penas de prisão consideráveis. Por isso, é de se esperar que, num futuro breve, o fantasma da mentira da culpa pela guerra, segundo o qual a II Guerra Mundial
teria sido imposta ao Reich alemão pêlos aliados ou por Stálin, venha a ser reabilitado. Publicações que apontam nessa direção já estão disponíveis no mercado. (19) Embora essa tese seja, a partir das fontes, aparentemente mais sim- ples de ser defendida, também nesse caso, temos a obrigação de refutar tal tolice, caso a mesma venha a obter alguma repercussão junto ao público; e devemos fazê-lo, sempre com base em argumentos.
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Notas:* Texto da conferência proferida em 7 de agosto de 2000.
1. Ver, Paul Rassinier, Die Lüge dês Odysseus (versão alemã do original francês La Mensoge de Ulisses), pp.74-87.
2. Sobre o Relatório Leuchter, ver Wemer Wegner,"Keine Massenvergasungen, Auschwitz? Zur Kritik dês Leuchter-Gutachtens", in: Die Sdchatten der Vergangenheit. Impulse zur Historisierung dês Nationalsoalismus, Uwe Backes, Eckhard Jesse, Rainer Zitelman (org); Frankfurt/M./ Berlin, 1990, pp. 450-476; Georges Wellers, "Der 'Leuchter-Bericht' über die Gaskammem von Auschwitz", in:Dachauer Hefete, n° 7,1991, pp. 230-241; JosefBailer, "Die 'Revisionisten' und Chemie", in: Warheit und "Auschwitziüge". Zur Bekàmpfung "revisionistischer" Propaganda, Wolfgang Benz, Wolfgang Neugebauer (org), Wien, 1995.
3. Ver Richard Harwood (Richard Verral), Starben wírklich 6 Mililionen? Richmond, 1979.
4. Ver Martin Brozsat, Hitier und die Génesis der Endiõsung. Aus AnIaB der Theses von David Irving, in: Viertel jahrsheftefiirZeitgeschíchte, 25 (1977), pp. 739-775.
5. Ver Arthur Butz, Der Jahrhundertbetrug, Viotho, 1977, pp. 287-298
6. Ver Wilhem Stãglich, Der Auschwitz-Mythos, Legende oder Wirklichkeit? Eme kritische Bestandsaufnahme, Tübingen, 1979; Jürgen Graf, Auschwitz, Tàtergestàndnisse und Augenz.eugen dês Holocausto Würenlon (Scweiz), 1994.
7. Cf. Richard Harwood, op.cit. p. 05.
8. Cf. Helimuth Auerbach, "Kriegserklãmngen" der Judeun na Deutschiand, in: Legenden, Lügen, Voruríleile, Wolfgang Benz (org.), München, 1992, pp. 122-126.
9. Cf. Oliver Schrõm, Rechte Professoren. Unter dem Schutz von Freiheit für Forschung und Lehre verbreiten Hochschuliehrer braunes Gedankengut und engagieren sich in obskuren Sekten, in: Stem 2/96, 4.1. 1996, S. p.
10. Para a íntegra da correspondência entre Weizmann e Chamberlain, ver Enzyklopàdie dês Holocaust Die Verfolgung und Ermordung der europãischen Juden, Eberhard Jãckel/Peter Longerich, Julius H. Schoeps (org.), Berlin, 1993, seção II, pp. 668-670
11. "Reichstagsrede dês Führers vom 30. Januar 1939", in: Das Werden dês Reiches, 1939, Teil 2. Bearbeitet von Dr. Hans Volz, Berlin 1940 (Dokumente der Deustschen Politik, Herausgegeben von R A. Six Band 7, Teil 2).
12. Cf. Wilhelm Stãglich, op. cit. pp. .277/378; Henri Roques, Die "Gestãndnisse" dês Kurt Gerstein:Zur Problematik emes Schiüsseldokuments, Leonie am Stamberger See, 1986; Guntram Denkmit, Kurt Gerstein, ein Kronzeuge wankt, in: Nation Europa, 37, 1987, p. 31 e ss.
13. Miklós Nyiszli, Im Jenseits der Menschiichkeit. Ein Gerichtsmediz.iner in Auschwitz, Berlin, 1992.
14. Sobre os comentários de Rassinier acerca de Miklós Nyiszli Cf. Die Lüge dês Odysseus, pp. 16-18; Das Drama der Judenïuropas, Hannover, 1965, pp. 64-70; Para os comentários do mesmo autor sobre Gerstein, ver Das Drama, pp.71 -96.
15. Sobre este tema, ver as análises detalhadas de Emest Noite no artigo "Em Gesetz für das Aubergesetziiche", in: Frankfurter Allgemeine Zeitung, 195, vol 23, August, 1994.
16. Cf. John S. Conway, Frühe Augenzeugenberichte aus Auschwitz: Glaubwürdigkeit und Wirkungsgeschichte, in: VierteIjahrsheftefürZeitgeschichte, 1979, 27, p. 260-284.
17. Rudolf Vrba, Die mibachtete Wamung. Betrachtungen über den Auschwitz-Bericht 1944, in:Vierteijahrshefte für Zeítgeschichte, 44, 1996, p. 1-24 (Übersetzung von Hermann Grami).
18. Cf. Peter Gosztony, "Untemehmen Margarethe", in: Die ZEIT, 12, vol 18, Marz 1994.
19. Cf. Viktor Suworow, Der Tag M, Joachim Hoffmann, Stalins Vernichtungskrieg (19411945) e Waltr Post (Unternehmen Barbarossa. Deutsche und sowjetísche Angriffsplàne 1940/41).